domingo, 21 de novembro de 2010

Não queria dizer. Só queria sentir.
Talvez eu nem precise dizer
só precise ficar assim, em seus braços, em seus lábios
talvez eu só precise te guardar assim, em meus pensamentos
em minhas canções, em cada palavra...
mas será que você sabe?
Tento me lembrar de seus defeitos pra manter meus pés no chão
e nem eles diminuem a vontade de você em mim.
E nem minhas profundas e constantes tristezas
e nem minhas pesadas e reluzentes lágrimas
e nem toda a escuridão que costumava me envolver
apaga tua luz
que me invade tão simplesmente.
E nem todas as batalhas, e tudo que quer me colocar pra baixo a cada dia
e nem a vontade de desistir que tenta me seduzir
e nem as cicatrizes, e asas quebradas
me fazem querer te deixar passar.
Mas tento me convencer
Digo, assim, num grito silencioso
sufocado em minha alma a tanto tempo
num sussuro,
o complexo mais simples
"tudo vai passar".


"Eu fecharei meus olhos e eu me manterei afastado
Farei completamente disso o meu dia mais escuro
E eu cantarei esta canção no auge de meus pulmões
Até que este dia escuro tenha ido." 12stones
                                               

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O perfeito cada vez mais falso... contradições cotidianas.

Hoje parecia tudo diferente.

Comecei a não ouvir nada, a ponto de ouvir o som das asas dos pássaros batendo, rápido. Enquanto eles passavam alegremente diante dos meus olhos.

A quantidade de carros estava maior, e eram tantos. Mas não conseguia ouvir som de nenhum deles. Ou sentir o  vento rápido quando eles passavam por mim, quase colidindo com meu corpo que quase não conseguia dominar.

Eu dizia bom dia, até pra aqueles rostos desconhecidos, e mesmo que eles sumissem logo depois sem nenhuma explicação, eu continuei assim. Sentia os músculos da minha face em movimentos preguiçosos.
 Mas onde estava o som, eu não sabia.
 Pra onde havia ido minha voz? Meu timbre? Minha nota?
 Será que ele estava dormindo? Ou será que eu estava dormindo?
Mas logo percebi que sonho não era.
 Era tudo nítido e real, sem a névoa costumeira dos sonhos, e apesar de ser tão cedo. Aquele cedo branco querendo virar azul e um frio momentâneo que faz encolher os ombros.

Hoje eu vi as pessoas jogando conversa fora. E algumas outras, em silêncio profundo, com os sentimentos mudos gritando dentro dos olhos.
E quase pude ler uma linha de palavras desconexas escrita no céu.

Hoje meus pés caminhavam macios e o chão parecia mais firme. Primeiro pensei que pudesse ser o par de tênis branco, calçado as pressas, mas logo percebi que isso nenhuma diferença fazia.
Logo me dei conta que era meu joelhos que estavam mais corajosos.

Hoje nunca me senti tanto como parte da realidade, no entanto, em cada árvore que olhava, eu me sentia dentro dela..
Aí pegando um ponto de sanidade, vi que eu, em minha loucura, caminhava com os pés no chão e a cabeça nas nuvens. Sem me importar com a grande possibilidade de estar louca, soltei um sorriso tímido.

Hoje o trabalho foi produtivo. Mas no final do expediente me espantei ao não conseguir lembrar de nada. Nada que havia acontecido em minha sala, nada que havia sido digitado no meu computador.
Não conseguia lembrar o lugar das canetas, a posição dos papéis, o estado das letras do teclado. E nem as conversas que volta e meia começavam ao meu redor.
Com esforço, tentava puxar pela memória e já entrando em desespero, consegui ver alguns flashes. Mas eram todos de dias anteriores, nada recente.

Hoje eu estava tão presente e tão absurdamente distante.

Hoje nada me falta por agora. E a certeza de que ainda não é a hora de ser feliz. Feliz de um jeito específico criado na minha cabeça e que me convence.
Hoje me dei conta de que um sonho pode ser tão grande, que todas as pedras se fazem pequenas.
Descobri que sem querer, é quando faço poema.
Que as palavras são perfeitas em minha mente
e no papel as vezes não.
Que minha loucura é passageira, sóbria e sem refrão.
Que me tornei tão grande e fora do tom
naquela manhã em que ouvia quase nenhum som.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Quando os anjos choram.

Quando os anjos choram quase nada muda
a chuva continua caindo preguiçosa
as belas canções continuam sendo pouco ouvidas...
quando os anjos choram o céu continua cinza
e o vento gelando as almas
as lágrimas ainda passam despercebidas
e do mundo se vê quase nada.
quando os anjos choram,
tudo continua o mesmo, porque ninguém acredita que eles existem
e eles ficam silenciosos, guardando as portas
dos mais belos sorrisos
continuando invisível, esperando pelo dia em que as pessoas tenham a capacidade de ter fé
e segurem as tristezas serenas e quietas
que caem quando os anjos choram.