terça-feira, 10 de abril de 2012

...só uma terça feira....

...eu tinha toda certeza que não seria um dia comum...
acordei as cinco e meia depois de uma noite mal dormida, aquele gosto amargo  na boca, a vontade voltar a dormir e não acordar nunca mais.
 Procuro uma roupa qualquer, parece que nada fica bom porque qualquer roupa que coloque vai atrair os olhares desconfiados dos desconhecidos espalhados na rua.
 O coturno, os rabiscos no corpo, os pircings, o livro, o lápis, os fones, o olhar de " me tire daqui" sempre incomoda os companheiros do ônibus, as senhoras que caminham na praça, o patrão, os colegas de escritório...
isso cansa... e hoje eu simplesmente não queria ter que aguentar esses olhares.
 Começo a pensar em todas as coisa que me revoltam, em meu desencaixe social tão visível, em minha solidão as vezes opcional....
Quando vejo, perdi meia hora nisso e todos os ônibus que me fariam bater o maldito ponto na hora certa. Esquece, trabalhar sem sentido eu não quero, vou ficar por aqui perdida em meus próprios problemas.
 Horas passam, pensamentos vem e vao, lembranças, vidas passadas, saudade, ontem, agora, depois, a verdade é que meu presente nao tem nada, apenas meu silêncio e nem todas as estrelas do céu ou os poemas mais cafonas mudam isso.
 A verdade é que todos estão caminhando e eu estou aqui parada esperando sei lá o que. A verdade é ninguém mais parece interessante, ou quando alguém desperta algo em mim é tão bom que sei que não mereço. A verdade é que minha invisibilidade se tornou tao costumeira, que me acostumei a lutar sozinha. E hoje, talvez eu só quis me esconder da luta, e que se dane se isso é covardia, eu só quero me esconder no mundo. Pará-lo. Apagá-lo.
 A verdade é que não adianta o quanto eu ache errado, ou o quanto eu seja diferente, o quanto questione, ou o quanto ache defeito, sempre, tudo, nada para. O tal do tempo nao pará. E talvez eu seja a errada. Talvez se eu parasse de pensar um pouco eu seria feliz. Esse tal estado de espírito que tanto ouço mas que pouco entendo.
 Eu só queria chorar até nao aguentar mais, mas a verdade é que sinto como se as lágrimas tivessem secado, o coração virado pedra e eu sinto que a única coisa que me restou foi uma racionalidade arrogante.
 Talvez eu precise mudar. Eu sei que estou errada e que esse  meu jeito desajeitado de viver é algo que cultivei durante anos.
 Foda-se. Essa que é a verdade.
Me anular seria uma crueldade comigo mesma e me deixe aqui, sozinha, e cheia de perguntas, talvez um dia as coisas mudem... ou eu mude as coisas...

Nenhum comentário:

Postar um comentário